quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Deriva

A deriva possibilita a denúncia às razões de se deslocar e agir do modo como se está condicionado. Não é apenas vivenciar o acaso, mas a contradição entre deixar-se levar por ele e prevenir-se dele ao mesmo tempo. Prevenir-se do acaso “calculado”, previsível, o devir de sensações calculadas pelo espaço fragmentado e fragmentador delas.
A psicogeografia revela que as partes das cidades possuem ambiências, o que é chamado de “relevo psicogeográfico da cidade” (DEBORD, 1958). O espaço imprime marcas em quem o vivencia: o bairro operário possui diversas leituras, mas o controle velado de seus moradores induz à leitura do trabalho fabril. O edifício modernista, com suas formas retas e objetivas, por meio do vazio, induz à idéia de praticidade do momento, favorece a circulação do automóvel: também afunila as possíveis leituras acerca desse espaço. É impossível negar que uma catedral gótica não realize a função para a qual ela foi construída: a de frisar a magnitude de deus e a distância entre ele e o homem. O espaço construído pode ser representação espacial do espetáculo e levar a interpretações que não partem do indivíduo, que o vive sem ao menos perceber essa não-vivência (espaço vivido).
O desvio dos elementos presentes no urbano ocorre para fazer com que eles tenham sentido na nova situação – o presente. “A atitude situacionista consiste em apostar na fuga do tempo, ao contrário dos procedimentos estéticos que tendem a fixar a emoção” (DEBORD in JACQUES, 2003: 58)

Fonte:http://antivalor.atspace.com/is/hermann.htm

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